terça-feira, 26 de julho de 2016

Talvez um dia consiga descobrir e responder o que significa a vida, talvez um dia possa transcrever sobre a minha percepção do irrevogável momento abstrato e significante o suficiente para conferir-lhe a palavra singela, vida quem é você?..

Fagulhas

No sonho lúcido fui hipnotizada
Aquele perfume afrodisíaco me fascinava
Agora, mãos geladas tocam minha pele
E um arrepio ofegante me embriaga
Nos espasmos de um ato carnal
Me sinto completa, eu sou animal
O coração transborda prazer
A mente não me mente em dizer
Que sou filha de deuses
E um deles sou
Durma comigo essa noite
Eu sou o que você sempre esperou
E nesse magnânimo luau
Me sinto completa, eu sou vegetal
Pois me sinto completa, eu também sou mineral...

Rameira hostil

Na escultura da qual meu corpo é moldado
O relevo das minhas tatuagens 
Revelam as curvas traçadas na pele
Tento deleitar o irrevogável véu da nudez
E a perversão do ego inconsciente
Retém a relevância ineficiente
Como reinar em algo decadente?
Se o cruel é o experiente..
Aniquile os adornos externos
Sem precisar de adultérios..
Meu ser é um simples reflexo do hostil
Que saboreia e aprecia o fútil..

Mestre vigente

Como pode
O encontro de um reflexo 
Causar tantas rachaduras no espelho?
Se o que corta mesmo é o desespero
E aquela sombra misteriosa
Cuja a face é delicada
Como o veludo de um véu
Transmite a monstruosa
Sobriedade de um réu
O espelho apresenta uma escusa
Da dívida e dúvida
E um mestre vigente
Abstém um insano divergente
Dentro de um hospital radical
Cheio de memória espiritual

Apenas o destino

O destino é a simetria do denso O enredo de uma interminável peça O laço que enlaça o corpo e a alma O que se transforma em um senso A luz que invade as frestas A escuridão que invade as promessas A luta de um guerreiro infame A escolha do corcunda de Notre Dame E os raios que espantam os males E as chuvas que limpam os vales E os ventos que gritam nas portas E as noites que fizemos apostas Apenas esperando o gélido e último suspiro Apenas acreditando no destino

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Legacy

O legado das lembranças
É sentir o que foi sentido
Reviver em segundos
Lapsos do eterno e imutável passado
Fecho meus olhos para ouvir
O que minha alma grita em silêncio
Percebo a cegueira e a lucidez do meu coração
Em meio a esta brilhosa escuridão
Luzes que obstaculizam a verdade
Transcendem a prisão da subjetividade
Vendi minha paz, mas não comprei indulgências
Por favor, deixe-me espiar um pouco do paraíso..
Venho da terra dos filhos perdidos
E redescubro em pequenos passos
O caminho da volta de casa
Na trilha dos meus monstros
Que um dia foram inimigos

Fino Traço

Saibas separar o joio do trigo
O útil do inútil
O servo do nobre
O rico do pobre
Não materialmente
E sim intelectualmente
Nesse fino traço
De longa espessura
Vidas se cruzam
E se desfrutam
Misturando umas nas outras
Esperanças e alianças
Desejos e devaneios
Na camada menos densa do crepúsculo
Onde o fio da luz se projeta
E os escolhidos se dissipam
No meio de nuvens e da vastidão

Metropolitano

O cantar dos trens me alucina
Juntamente com aquela adrenalina
Seu gosto é doce como o mel
Que me aflora e adorna
Sensações de prazer
Que preciso dizer
Somos tudo e nada
No meio da noitada
Pensando na conexão
Que é a extensão
Do nosso futuro incerto
Mas é ao certo
Um presente
Aproveitado e inventado
Com nossas vontades
Cheias de vantagens
De paixão e admiração