quinta-feira, 27 de abril de 2017

Sonho do Sol

Vista a arte enquanto você despe a roupa
Sinta o sutil que assopra e arrepia a alma
Envolva a gratidão como o olhar do Sol consciente
Permita-se brincar com as feições da água
Mova-se como a dança no núcleo dos átomos
Encontre-se em cada espelho alheio
Experimente o toque da vida pulsante
E grite o mais alto que puder
Porque o macrocosmo
Também habita o microcosmo
Somos um sonho do qual ninguém acordou
(Ainda)

Dose de Átomos

Apreciar o sabor de tudo é ter um dom
(Será ele bom?)
Inevitavelmente se incluí o alívio 
Deste lado, daquele lado, de ambos
Uma prenda, uma caipira
E cada gota, inserida de forma simples
Possuí uma imensidão de prazer
Ao qual, se ecoa respirando (sufocando) na mente
"Pare de beber álcool"
Mas ele é demasiadamente cool and cold,
E esquenta a alma e o corpo ao mesmo tempo...
Átomos
(tomamos o doce e amargo uísque)
A sensação de lucidez se dissipa
E a plenitude de ser um se cristaliza
Apenas um
Um grão
Um vão
Uma metamorfose
Apenas mais uma dose... 

terça-feira, 18 de abril de 2017

Castelo sem elo

O nó na garganta se expande
Até aos tendões dos calcanhares 
Retorcidos como um espiral de ferro soldado
Desenrolam aquele conflito existencial...
Não obstante, como mágoa não incinerada
No troféu (refém e réu) da vida
Muitas vezes fico em posição fetal 
Embaixo de cobertores quentes
Tentando regredir as experiências na casa-útero
Hoje, acordo de um coma consciente 
E participo do jogo de xadrez humano 
Que os peões defendem o rei 
Talvez seria ele a sua mísera morada?
Talvez seria ele o seu mísero orgulho?
Talvez seria ele o seu mísero medo?
Uma mera peça na realidade múltipla
Condiz com o que eu/você camufla e estende

E retorno ao conflito... 
Quero apenas voltar para o castelo de pedra alado
Sem dor, sem or
Sem tempo, suspenso no vácuo...

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Chuvens

Canto, em cantos os encantos
Cantando no vento 
Eu cata-vento!
Nuvem que dança e vem
Nuvem a noiva do céu
Nu, vens ao encontro de mel...

Chuva mestiça que uiva 
Chuvinha admirada pela lua 
A pele, é a mira da luva..

O Ermitão

E lá, na deserta planície capinada
Encontra-se um ermitão
Eis que seu rosto, molhado de suor
Definido por curvas tênues do tempo
E seu corpo esculpido de um tecido bordado
Enlaça as linhas da sintonia existencial 
E tramita em êxtase..
Ao admirar as proezas da plantação de trigo
Colhe as belezas do instante presente (doente)
E lentamente se inclina para observar o céu
Percebe que as nuvens dançam com o soprar do vento (momento)
E que o Senhor Sol resplandece com a soberania tirana (nirvana)
Cavalos de Troia invadem o campo
Divagando como uma viagem ao tempo
Vê-se exatamente em meio de um espetáculo
A plateia vibrante o impulsiona para o principal ato
Da carne sujeita a ponta da espada
Forjando a labuta, saindo do anonimato
Sublinha progressivamente a pele de um leão (vil cão)
E se depara com instintos humanos cruéis..
(Quais filhos de fato são fiéis?)
Cavalos de Troia se vão
O homem e sua solidão
Libertam-se então da divergência substancial
Seus olhos perante as cores, já não são mais os mesmos
Destacando a forma mais sutil do uno
Em reflexo da própria energia de emanação..
Consciente da existência de ser deus de si
Absorve o dom..
O dom de viver não somente para sobre (viver)..

E lá, na deserta planície capinada
Encontra-se um dos deuses que habita a Terra
Que aprendeu a diferenciar os relevos de moldes reais
Diante o mais complexo existir...