terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Cama de gato

Uma lucidez inconsciente
Transfere o digno ser a um ambiente transitório
Paralelo a realidade líquida do cristalizar
Envolve o florescer ao falhar..

E os raios? Reverberam os gamas do Sol
Um, entre cem partículas (sem mol)
Mistificam com o som, OM
Exaltam-se sobre o encosto da labuta fluente
Projetando a plenitude da pressão severa
Ordenando as formas mais singelas de trânsito em esferas..

Mortífera era a máquina de sonhos humanos
Criando frustrantes expectativas
E desenvolvendo-se  ao deleite de zumbis insanos

Plural sem aval (nós)
Cama de gato sem ato (hiato)
Janela sem ela (luz)
Rua sem lua (brilho)

É o que restaram aos caídos filhos de Adão

Sem mais perdão

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Promiscuidade

Meus pés profanos
Transitam no abismo
Com dignidade dada ao egoísmo
E a pressão exercida sobre eles
Enlaçam as linhas tênues de ouro nobre
Velhos e lúcidos elos..
O drama do roteiro no terreiro
Onde o espetáculo da cena principal
É o ápice do prazer
No ato carne/animal
Meus pés profanos
Divididos entre o bem e o mal
Retornam ao ponto do início, fim e central
E tudo se dissolve
Em luz de uma fonte inesgotável de sabor
Assim como os olhos, o cheiro, a cor
Liquidificados no hospício
Assumem a forma verbal/infernal
Meus pés profanos
(embalsamados de lama)
Minhas mãos desonradas
(Com cheiro de pólvora, trama)
Minha mente insana
(Da hipnose por traumas, infância)
Não se adequam ao padrão..
"Ser ou não ser, eis a questão"

A dor em ação

Adoração é uma carismática palavra
Anseio pleno, subjetivo veneno
Magnitude do som que dela ressoa e ecoa
Internamente sussurrada
Como os ventos que falam conosco
Nos dias cinzas das tempestades ambulantes
Perceptíveis aos olhos e sensíveis ao entorno
Um mundo cruel, com ou sem véu?
Transcorrendo nas ruas profanas
Angariadas e mundanas
Divagando o mútuo vácuo paralelo
Transbordando o céu do dislexico
Ressurgem na lucidez infame
Um acaso, mero vexame
Condizem com a sabedoria universal
Falso era o reflexo disperso
No ser desperto
Que assimilava o timbre vocal
Equiparado ao tom musical
Melódico e notório
Subestimado, inglório..
(A dor em ação)
Ação

Ainda serão dignas

O tempo transcreve o ilusório
Que resplandece com as ondulações de infravermelho
Na magnitude sideral que distancia e aproxima
Por entre o anseio nobre e o profano desejo
Na infinita e complexa ilha da mente humana (o quão insana)...
Intervalos de luzes rejuvenescem as transmissões
Despertando aderentes e notórias memórias
E um superego blefando com nossas conexões..
Como o tocar de átomos que se repelem
Como as bombas internas que se explodem sozinhas
Como o pecado do dízimo não pago
Como a fortuna dos homens andarilhos
...Me despi do ultraje que vestia...
O sangue amargo que escorre e se dissolve em minha boca
Transcende de um imutável sabor
Divaga a suave projeção da consistência
Envolvendo o toque na degustação
Produzindo níveis de prazer na apreciação...
Faz-me lembrar de quando ainda era pó
E nele viajava, na infâmia
Divergência de nome sem fama
Não restaram os revestimentos de cascas residuais...
O espaço me compreende
E as promessas feitas no vento
Ainda serão dignas da minha paz
Ainda serão dignas..
Como a pluralidade do ser que me habita se transformando em UM..